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RESOLUÇÃO DO COMITÉ CENTRAL DO KKE SOBRE A GUERRA IMPERIALISTA NA UCRÂNIA

 

25.03.22

1. O KKE, desde o primeiro momento, denunciou a invasão russa da Ucrânia e expressou a sua solidariedade com o povo da Ucrânia.

Há pelo menos uma década que o povo da Ucrânia está a pagar o preço dos antagonismos e das intervenções sobre a divisão de mercados e esferas de influência entre, por um lado, EUA, NATO e UE e a sua estratégia de “Euro-alargamento atlântico” e, por outro lado, a estratégia da Federação Russa capitalista para os seus próprios planos de exploração dos povos, visando fortalecer a seu própria coalisão imperialista (União Económica Eurasiática, Organização do Tratado de Segurança Coletiva) na região da ex-URSS.

A intervenção militar russa, em essência, marca o início formal de uma guerra que foi preparada por um barril de pólvora que se foi acumulando ao longo do tempo. O foco do conflito está na divisão da riqueza mineral, energia, território, força de trabalho, oleodutos, redes de transporte de mercadorias, pilares geopolíticos e quotas de mercado.

Há anos que os EUA, a NATO e a UE vêm sistematicamente a tentar e a promover o cerco económico, político e militar à Rússia, intervindo, mobilizando forças militares poderosas e estabelecendo as bases da morte,  lançando gasolina sobre o fogo.

Depois de o Pacto de Varsóvia ter desaparecido, a NATO não só não se dissolveu ou limitou, mas, pelo contrário, alargou-se, incluindo nas suas fileiras outros países do Leste Europeu e ex-repúblicas soviéticas. Estaciona forças militares, bases e armas modernas em várias regiões à volta da Rússia. Há anos que vêm sendo realizados planos militares, treinos e exercícios no Mar do Norte, na Europa Oriental, no Mar Negro e no Báltico visando a Rússia.

Esses últimos desenvolvimentos são o incidente mais recente de um confronto de longo prazo em torno da Ucrânia. Também estão relacionados com a luta feroz no seio da burguesia ucraniana que se formou após o derrubamento do socialismo em torno da adesão do país a uma ou outra aliança imperialista. No quadro desse confronto, por um lado, os EUA, a NATO e a UE, juntamente com setores da burguesia ucraniana, apoiaram e organizaram a “Revolução Laranja” em 2004, bem como o golpe sangrento em 2014, utilizando e apoiando forças de extrema-direita fascistas com o objetivo de estabelecer um regime amigo. Por outro lado, a Rússia apreendeu partes do território ucraniano anexando a Crimeia e apoiando os separatistas russófonos na região de Donbass  no seu próprio interesse, reconhecendo a sua independência pouco antes da sua intervenção.

 

2. Estes acontecimentos que se desenrolam 30 anos após o derrubamento do socialismo e a dissolução da URSS, constituem provas trágicas e vivas do retrocesso histórico ocorrido no início de 1990. Este retrocesso histórico para os povos da região, mas também para a classe operária e as forças populares de todo o mundo, abriu a caixa de Pandora.

O KKE avaliou e confirmou tragicamente que a restauração capitalista, entre outras coisas, levaria à divisão de povos e Estados, como no caso da Jugoslávia e da Checoslováquia, devido à concorrência entre a burguesia pelo controle dos mercados, materiais, posições geoestratégicas e rotas de transporte.

As classes burguesas e capitalistas que surgiram no curso da restauração capitalista, roubando as conquistas duramente conquistadas pelo povo soviético unido ao longo de décadas, foram formadas através desse processo de contrarrevolução. Os governos de Putin na Rússia e Zelensky na Ucrânia expressam esses interesses capitalistas. É por isso que, apesar das suas diferenças e rivalidades, eles competem no anticomunismo, na falsificação da história, na calúnia contra a União Soviética, no fortalecimento do nacionalismo (tanto russo como ucraniano) e no silenciamento dos interesses comuns dos trabalhadores e dos povos.

A invocação do antifascismo pela atual Rússia capitalista para avançar os seus planos geopolíticos na região é apenas um pretexto e aproveita-se do forte sentimento antifascista do povo russo e de todos os povos que sofreram milhões de mortos na luta contra a ocupação e as atrocidades nazis-fascistas alemãs. Não esquecemos que a própria Rússia capitalista, que hoje está na linha de frente do anticomunismo, mantém relações amistosas com grupos de extrema direita em muitos países e que a liderança da Rússia elogia publicamente os ideólogos do fascismo russo. Ao mesmo tempo, não esquecemos que, em 2014, as forças de extrema-direita fascistas na Ucrânia, desencadearam um pogrom de violência e intimidação, assassinatos e massacres —como em Odessa, onde mais de 100 sindicalistas morreram durante o ataque à sede dos sindicatos—  com o apoio da NATO e da UE. Hoje, essas forças fazem parte do aparelho estatal da Ucrânia e estão envolvidas em crimes em regiões russófonas e contra expatriados gregos.

Os povos da Ucrânia e da Rússia, como os demais povos da região, viveram e lutaram juntos há 70 anos; venceram e estabeleceram o seu próprio poder, lutaram contra as intervenções imperialistas, esforçaram-se por utilizar a terra, as fábricas e as riquezas do seu subsolo e das suas águas sob relações de propriedade social, lutaram contra o ódio e a guerra dos seus antigos exploradores que sabotavam os passos dados pelo poder soviético, avançaram juntos no quadro do socialismo, lutaram em conjunto contra o nazismo-fascismo e o imperialismo alemão. A histeria nacionalista dos gritos de guerra não deve obscurecer a memória coletiva dos dois povos, que viviam em fraternidade há décadas.

30 anos após o derrubamento do socialismo e a dissolução da União Soviética, todos aqueles que celebraram e prometeram um mundo de paz, segurança, liberdade e justiça foram completamente desmentidos. O seu mundo, o infame “mundo dos valores ocidentais” é um mundo de barbárie, exploração, guerra, refugiados, crises económicas, centenas de milhares de vítimas devido à pandemia ou intervenções militares; é um mundo de monstros:  é isto o capitalismo. Pessoas como Biden, Scholz, Putin, Zelensky, etc, fazem parte deste mundo, juntamente com todos os “totalitários” e “democratas” que defendem a liberdade de poucos para determinar o destino de muitos e constituem diferentes aspetos do ditadura do capital.

 

3. A guerra imperialista que hoje se trava na Ucrânia nada mais é do que mais um elo desta sangrenta cadeia de guerras e rivalidades que se intensificou particularmente depois de 1991, perdendo o seu antigo manto ideológico que defendia ostensivamente o “mundo livre ocidental” do “totalitarismo comunista”. O novo elemento aqui é que agora eles estão a expandir-se em solo europeu, já que o escudo socialista deixou de existir.

Não esquecemos as guerras na Jugoslávia no início de 1990, que começaram com o selo de aprovação da União Europeia e levaram à intervenção da NATO em 1999, resultando no desmembramento final do país e na  sua fragmentação. Os pretextos então usados pela NATO e pela UE são os mesmos usados pela Rússia para a sua própria intervenção militar, como “proteção contra a limpeza étnica” e “o direito à autodeterminação”. As feridas nos Balcãs ainda estão abertas e há grandes riscos de novas convulsões e confrontos.

Não esquecemos as intervenções e guerras imperialistas na nossa vizinhança, na região do Médio Oriente e no Norte da África, no Iraque, na Síria, na Líbia e no Afeganistão, bem como a ocupação israelita da Palestina que está em curso. Os EUA, a NATO e seus aliados arrastaram os povos para guerras civis, desencadearam conflitos étnicos e religiosos, intervieram militarmente, estabeleceram exércitos de ocupação em nome da “democracia” e da “liberdade”, levaram países inteiros ao caos, deram origem e forças reacionárias reforçadas, jihadistas e outros.

Não esqueçamos a invasão e ocupação turca de Chipre desde 1974, que foi apoiada pelos EUA e pela NATO, este crime em curso contra o povo cipriota e os vários planos inspirados na NATO que todos estes anos têm vindo a pressionar no sentido da divisão do território da ilha.

O “revisionismo”, a disputa de direitos soberanos, o redesenho de fronteiras e a dissolução de estados não são privilégio de um ou outro centro imperialista. Todos rasgam tratados internacionais, disputam fronteiras e intervêm militarmente sob diversos pretextos quando ditados pelos seus interesses. A base do “revisionismo” é a competição entre os centros imperialistas. Eles até atropelam algumas disposições formais do Direito Internacional, que foram resultado da influência dos estados socialistas após a Segunda Guerra Mundial. Fica claramente demonstrado que, na realidade, o Direito Internacional é a lei do “O poder faz o direito”, ou seja, a lei daqueles que detêm o poder económico, político e militar para impor os seus interesses. Até os seus representantes admitem esse facto, obrigados a apoiar um ou outro lado, evidenciando ambiguidades e indefinições. Noções que afirmam que pode haver um mundo pacífico com uma “arquitetura internacional” diferente, uma “NATO sem equipamento ofensivo”, “uma UE pró-paz” ou “um mundo multipolar criativo” na estrutura do mundo capitalista moderno são irrealistas e atiram poeira aos olhos do povo.

 

4. A UE não está “sem voz” e em cima do muro quanto aos acontecimentos, mas tem estado ativamente envolvida nas intervenções imperialistas há anos e, neste caso, no plano para cercar a Rússia. É cúmplice da tragédia enfrentada atualmente pelos povos da Ucrânia. As contradições existentes em todos os anos anteriores em relação à sua postura em relação à Rússia refletem os diferentes objetivos e prioridades da burguesia de cada país e estão relacionadas com os fortes laços económicos com a Rússia, particularmente em setores como o de energia. A formação de uma posição unida contra a Rússia após o início da guerra, que a ND, o SYRIZA, o KINAL  e outros partidos burgueses estão a festejar no nosso país, por um lado, não significa que essas contradições tenham sido resolvidas e, por outro, é uma “unidade” que se volta contra os povos porque é uma unidade para a preparação da guerra que põe em grande e risco os povos da UE.

Ninguém pode dormir descansado quando os líderes dos Estados da UE e os funcionários da UE fazem diariamente declarações de guerra. Trinta anos após o Tratado de Maastricht, as suas máscaras vão caindo cada vez mais abertamente, os pretextos desaparecem, “os tabus são quebrados” como eles cinicamente admitem, e a verdadeira natureza da UE é revelada: é uma aliança imperialista reacionária entre predadores que lutam uns contra os outros e todos coletivamente contra os povos.

Nesse processo, mais uma vez na história, os governos social-democratas estão na vanguarda, desfazendo o mito dos “governos progressistas” que supostamente seriam uma alternativa para os povos.

Os sociais-democratas alemães, que anunciaram um enorme programa de armamento pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, os socialistas em Espanha e Portugal, o governo de centro-esquerda em Itália e os sociais-democratas na Dinamarca e na Finlândia lideram o confronto militar com Rússia. As suas decisões de aumentar as despesas militares em todos os Estados membros da UE e da NATO e de afrouxar as restrições financeiras dos orçamentos europeus para este efeito, obviamente não ocorreram apenas como resultado dos acontecimentos na Ucrânia. Eles revelam uma preparação geral, sinalizam que estamos a entrar num período de conflito mais violento relacionado com as contradições e a  concorrência.

O conflito militar na Ucrânia alimenta desenvolvimentos perigosos para os povos da Europa e de todo o mundo após a invasão russa, já que a competição imperialista está a entrar numa nova fase. O perigo de um confronto militar mais generalizado é mais evidente do que nunca. As declarações de guerra das lideranças políticas da UE, dos países membros da NATO e da Rússia, bem como as ameaças de ataques nucleares não devem ser consideradas apenas como retórica inflamada.

Pela primeira vez, a NATO está implantar a sua Força de Resposta Rápida na Europa Oriental e acumula ainda mais forças militares, enquanto planeia aproximar-se de países como a Moldávia, a Geórgia, a Bósnia e Herzegovina, a Finlândia e a Suécia. Existem territórios na Moldávia e na Geórgia, cuja secessão foi apoiada pela Rússia, onde a presença de forças militares russas é forte. A Finlândia e a Suécia estão incluídas nas linhas vermelhas da Rússia no que diz respeito ao alargamento da NATO. Na Rússia, as “forças de dissuasão nuclear” foram colocadas num modo especial de prontidão de combate. A Bielorrússia realizou um referendo aprovando a possibilidade de instalar armas nucleares no seu território, caso a NATO instale armas semelhantes na Polónia ou na Lituânia.

 

5. Sob a responsabilidade do governo da ND e com o consentimento do SYRIZA, do KINAL e outros partidos burgueses, a Grécia está a aumentar o seu envolvimento nesta perigosa competição imperialista. Todos os governos anteriores já tinham apoiado todas as decisões e planos da NATO em relação à expansão dessa organização assassina e ao cerco da Rússia. Além da base de Souda, já tinham lançado a instalação de novas bases EUA-NATO no país, como a de Alenxandroupolis, Larissa e Stefanovikeio, que já estão a ser utilizadas como centro de transporte e desdobramento de forças militares para o leste da Europa. Estes partidos já tinham contribuído para tornar a Grécia um agressor de outros países e o povo grego numa vítima, pois o país tornou-se automaticamente um alvo de possível retaliação. O povo já paga caro os gastos para armamentos que necessita a NATO, a carestia, a subida dos preços dos combustíveis, a pobreza energética.

Num frenesim de guerra do primeiro-ministro, o governo grego não só anunciou a decisão de transferir equipamento militar para a Ucrânia, como também declarou inequivocamente a sua intenção de arrastar o país e o povo para o turbilhão de um conflito militar ao lado da NATO e da UE, prestando toda a assistência solicitada. O envolvimento da Grécia na guerra é direto e o perigo para o povo grego, no caso da sua generalização, é mais do que real.

Os argumentos e pretextos usados pelo governo para justificar essa escolha são perigosos e enganosos e devem ser rejeitados.

  • É mentira que “vamos lutar pela liberdade”. Na realidade, lutaremos ao lado de um campo de ladrões contra outro, disputando quem ficará com a maior fatia da pilhagem do povo ucraniano e dos demais povos da região.
  • É mentira que através do nosso envolvimento “apoiamos o povo ucraniano”. Apoiamos aqueles que, há anos, os levam ao caos e à destruição; aqueles que os transformaram num saco de pancada no confronto com a Rússia para servir os seus próprios interesses.
  • É mentira que “lutamos contra o “revisionismo” porque os maiores “revisionistas” são os nossos aliados da NATO e da UE, que não hesitam em intervir militarmente para dissolver países e redesenhar fronteiras, exatamente como a Rússia está a fazer na Ucrânia.
  • É uma mentira que nos estejamos a “proteger da ameaça turca” porque a própria NATO encoraja as disputas e o “revisionismo” turcos. A NATO não reconhece direitos soberanos e fronteiras, mas apenas "território da NATO", empurra para arranjos perigosos no Mar Egeu e em outras geografias, e dá prioridade máxima à manutenção da Turquia no campo da NATO, dê lá por onde der, especialmente agora em condições de grave escalada.
  • É mentira que o envolvimento constitua uma “nova oportunidade” para o povo, exatamente como as falsas promessas de que o povo teria oportunidades ao sair da crise e da pandemia. Os planos de potenciar a Grécia e transformá-la numa encruzilhada central para os planos energéticos dos EUA arrastam ainda mais o país para o epicentro da concorrência imperialista, ao mesmo tempo que os verdadeiros beneficiários serão os grupos empresariais e não o povo. Além disso, o povo da Ucrânia hoje paga o preço dos “objetivos” da sua burguesia com seu próprio sangue.

O nosso povo será novamente chamado a pagar o preço! Ele enfrentará os riscos e ameaças colocados às suas vidas e direitos soberanos pelo envolvimento na guerra em vários aspetos; ele fará pesados sacrifícios em prol da preparação para a guerra; será confrontado com o recrudescimento dos já elevados preços de uma série de bens de consumo, com uma pobreza energética ainda mais profunda, e novos golpes contra os seus direitos e necessidades, para aumentar os gastos da NATO que acompanham a doutrina de que “a prioridade máxima é a defesa do país”.

As exceções pontuais e preocupações individuais expressas pelo SYRIZA são pretextos usados para manter a fachada de uma postura alternativa e mais favorável à paz. A sua política antipopular anterior confirma que, se estivesse no governo, seguiria o caminho dos seus modelos da mesma família, dos “progressistas” e “social-democratas”, que, dos democratas dos EUA aos socialistas da Espanha, estão na vanguarda dos preparativos militares em todo o mundo!

O SYRIZA tem assumido pesadas responsabilidades perante o nosso povo. Não só porque, quando no governo, esteve na vanguarda do envolvimento do país nos planos da NATO (estabeleceu novas bases, reabilitou as antigas, avançou a Parceria Estratégica com os EUA, liderou o acordo de Prespa1 apoiado pela NATO, etc). Não apenas porque reproduz os pretextos e oculta as responsabilidades da NATO-UE pela guerra na Ucrânia, mas também porque hoje assume essencialmente  todos os objetivos de envolvimento propostos pelo governo da ND , apenas estabelecendo algumas condições, concordando com a intervenção militar desde que tenha um selo de aprovação mais claro da NATO ou da UE, concordando com os planos energéticos que preveem que o ritmo da sua materialização seja mais lento, concordando com os esforços militares ao serviço da NATO desde que sejam “transparentes”, e concordando com os novos sacrifícios do povo desde que sejam assumidos com base no consenso!

100 anos após o desastre da Ásia Menor, o nosso povo não esquecer as lições históricas. Pagou todas as “Grandes Ideias” do capital e dos grandes grupos empresariais e foi apunhalado pelas costas pelos seus aliados imperialistas no momento mais crítico. O povo enfrentou as consequências desses desastres. O preço da sua participação na Primeira Guerra Mundial imperialista e na intervenção do sul da Rússia foi  o desenraizamento sofrido por milhares de refugiados gregos da Ásia Menor e as calamidades sofridas.

É por isso que o povo grego deve rejeitar os cantos de sereia da propaganda de guerra que prepara a guerra e um envolvimento mais profundo do seu país, os defensores da NATO e da UE, as notícias falsas que inundam os meios de comunicação social e a Internet, a histeria anti-Rússia que chegou até ao ponto de demonizar os produtos culturais, e a tentativa de silenciar todas as vozes que se recusam a reproduzir a narrativa das hostes euro-atlânticas.

 

6. A verdadeira solidariedade com os povos da Ucrânia, Rússia e outros povos vizinhos significa lutar contra a guerra imperialista, contra qualquer envolvimento de cada país. Significa condenar a intervenção militar da Rússia, mas também os EUA–NATO e a UE que alimentam a guerra. Significa lutar contra as organizações imperialistas atrás das quais a burguesia do nosso país e os seus governos estão alinhados. Significa solidariedade popular genuína e humana, que pode ser expressa de forma multifacetada. Significa a oposição e o isolamento da atividade de grupos fascistas nacionalistas que incitam ao ódio.

É lutar para coordenar a luta dos povos para que eles possam mostrar o caminho de saída da guerra, atacando os seus verdadeiros oponentes; organizando a sua luta contra a guerra imperialista e as causas que a originam, as classes burguesas que a travam e os seus governos, as alianças imperialistas que nos arrastam para a guerra ou impõem a “paz” apontando uma arma à cabeça dos povos.

É expressar solidariedade e apoiar os milhares de refugiados que atualmente fogem da Ucrânia devido à guerra e viajam para outros Estados da UE, incluindo o nosso país, e enfrentam o conhecido destino cruel que os espera, como  aconteceu com outros povos que foram vítimas das guerras imperialistas apesar das “declarações humanitárias”.

Os povos não viverão melhor escolhendo explorador nacional ou de outro tipo, mas apenas derrotando e abolindo o sistema de exploração. Esse é o caminho para que os povos saiam vitoriosos.

Hoje, o KKE dirige-se aos trabalhadores, aos jovens, rapazes e raparigas,  aos trabalhadores por conta própria, aos agricultores, às mulheres, a todo o povo grego. Incitam-nos  a estarem vigilantes face à guerra imperialista e ao envolvimento da Grécia.

Uma resposta favorável aos interesses do nosso povo não pode ser encontrada numa aliança com  um ou outro polo imperialista.

Nós recusamo-nos a escolher entre dois campos de ladrões!

O verdadeiro dilema não é escolher entre os EUA e a Rússia, a UE e a Rússia, ou a NATO e a Rússia. O verdadeiro dilema é:  estar do lado dos povos ou dos imperialistas?

A luta operária e popular pode e deve traçar uma linha  independente, longe de todos os planos burgueses e imperialistas.

Essa luta não tem nada a ver com os desejos pios e os chavões usados pelos outros partidos, que falam numa “solução pacifica”, “diplomacia” e outras palavras bem-sonantes que não atingem as causas da guerra.

Hoje, o povo não deve aceitar pagar o preço da guerra! Não é sua obrigação! Ele não se deve comprometer com o novo fardo antipopular e as medidas que estão a ser preparadas em nome de necessidades extraordinárias. A única solução é o reagrupamento operário e popular para o contra-ataque.

A luta popular deve obrigar imediatamente qualquer governo a tomar medidas para defender os rendimentos dos trabalhadores e do povo dos altos preços e da pobreza energética.

  • Abolir os impostos sobre combustíveis e outros bens de consumo básicos.
  • Aumentar os salários, garantir Acordos Coletivos de Trabalho, proteger os direitos sindicais, tomar medidas para os reformados e os desempregados.
  • Tomar medidas contra as consequências das sanções contra a Rússia que afetarão em primeiro lugar os agricultores e os trabalhadores  por conta própria.

Destacemos a necessidade de utilizar o potencial de todos os recursos energéticos  nacionais (lenhite, hidrocarbonetos, energia geotérmica, fontes de energia renováveis) visando a satisfação integral das necessidades populares (redução da dependência energética, abolição da pobreza energética, proteção do meio ambiente) baseado na propriedade social e no planeamento central. Fortalecer a luta para que a energia, os alimentos e a própria força de trabalho deixem de ser mercadorias.

Organizemos a luta em todas as regiões e locais de trabalho, exigindo a recusa imediata de apoiar qualquer lado desta guerra imperialista.

  • Deve cessar imediatamente a participação e envolvimento da Grécia na guerra imperialista na Ucrânia ou em qualquer outro país, por qualquer meio e sob qualquer pretexto
  • Fechar imediatamente todas as bases militares da NATO e dos EUA no nosso país usadas como plataforma de lançamento para a guerra.
  • Não enviar qualquer corpo militar grego para a Ucrânia, para países vizinhos ou para participar em quaisquer outras missões imperialistas. Nenhum soldado ou oficial deve ser enviado para o exterior. Deve cessar a transferência de equipamento e meios militares através da Grécia.

É nosso dever patriótico e internacionalista impedir o uso do solo, infraestruturas e meios gregos como cabeças de ponte militares  seja de quem for.

As Forças Armadas do país nada têm a fazer em missões no exterior em nome das “obrigações para com nossos aliados”. Eles têm o dever de proteger as fronteiras e a integridade territorial de nosso país e os nossos direitos soberanos.

Esta é uma questão política que exige uma mudança na consciência das forças operárias e populares para fortalecer a luta pela saída de várias organizações político-militares imperialistas, da NATO e da UE, com o povo ao leme do poder.

A guerra travada pelo imperialismo e causada pela concorrência entre centros e alianças imperialistas pela divisão de mercados, território, recursos produtores de riqueza e pela supremacia no sistema imperialista é injusta e bárbara, tornando os povos vítimas seja qual for o resultado da guerra.

Uma luta justa é a luta multifacetada dos povos contra o cerco e a invasão imperialista, contra a participação dos filhos do povo na guerra imperialista.

Uma luta justa é a luta dos povos para defender a integridade territorial contra a ocupação estrangeira.

Uma luta justa é a luta multifacetada pelos direitos e necessidades dos povos, no caminho do derrubamento do poder burguês, por uma nova sociedade socialista.

Esse é o caminho que devemos seguir para acabar com as guerras imperialistas, a exploração capitalista e a barbárie, pela fraternidade entre os povos.

Esse é o caminho que evidencia a real perspetiva de que os povos possam viver em paz, segurança, amizade e estabelecendo relações mutuamente benéficas, da mesma forma como os povos da Rússia e da Ucrânia viviam há décadas, quando detinham o poder, possuíam a riqueza que produziam e estavam a construir uma nova sociedade socialista.

Esse é o “lado certo da história” para o povo grego, para os povos de todo o mundo!

O KKE trava esta luta com todas as suas forças para que os gregos e os outros povos lutem contra o nacionalismo e as alianças imperialistas das classes burguesas, para fortalecer a luta conjunta dos trabalhadores e eliminar o sistema que só gera pobreza , exploração e guerra

 

O CC do KKE